segunda-feira, 28 de maio de 2012

A falácia do câmbio

Nos últimos meses nosso governo tem repetido inúmeras vezes que o câmbio valorizado é ruim para a indústria e para o país (AQUI,AQUI,AQUI). Será?

Para começar, os setores intensivos em capital e de tecnologia são os que tem maior participação na importação brasileira. Isto significa que é a própria indústria a maior beneficiada do câmbio valorizado, uma vez que ele possibilita o investimento na compra de bens de produção.

O governo ao olhar apenas o setor de exportação se esquece de todos os outros setores que se beneficiam do câmbio valorizado. O supermercado por exemplo pode vender mais vinho, as companhias aéreas vendem mais passagens, mais pessoas podem comprar aparelhos eletrônicos, etc.

Desvalorizar uma moeda significa deixar sua população mais pobre. Quando o real deixa de valer 1 dólar e passa a valer 50 centavos de dólar, significa que agora a população brasileira tem que vender o dobro do que vendia antes para comprar a mesma quantidade de mercadorias no exterior. Desvalorizar o câmbio também implica em aumento da inflação uma vez que agora o seu dinheiro vale menos.

Mas por que o governo defende tanto a desvalorização da moeda? Porque é a forma mais transparente de se diminuir o salário da população. A forma mais fácil de se tornar "competitivo" é diminuir o valor do dinheiro e desta forma fazer com que os empregados recebam o mesmo valor nominal de salário, mas com um poder real de compra muito inferior ao passado.

Ao invés do governo brasileiro tornar a legislação trabalhista mais flexível, diminuir seus gastos e com isso diminuir a carga tributária sobre o setor produtivo para permitir assim uma maior competitividade da indústria brasileira, prefere desvalorizar o valor de sua moeda, baixando os valores reais dos salários praticados. O problema desta mentalidade é que ela só funciona no curto prazo. No longo prazo isto gera inflação e com isso o próprio setor de exportação, que no primeiro momento foi beneficiado pela medida, passa a ter que gastar mais na compra de matéria prima e de bens de produção.

Nosso governo tem uma visão míope e de curtíssimo prazo sobre nossa economia.

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