quarta-feira, 2 de maio de 2012

Juros 2

Continuando sobre o tema juros no Brasil, vou falar um pouco sobre o papel do BNDES.


O governo brasileiro provê subsídios para alguns empresários fazendo empréstimos a juros baixos via BNDES. A princípio parece ótimo, mas o problema está no fato de que apenas alguns felizardos são contemplados com juros baixos (em alguns casos menores até que a própria inflação). A grande imensa maioria dos empresários de nosso país fica de fora. Isto causa algumas distorções. A primeira e mais óbvia é que poucos empresários possuem uma grande vantagem competitiva em relação ao resto do mercado. Enquanto alguns captam recursos com juros por volta dos 6% a.a, outros não agraciados pagam na maioria dos casos mais que o dobro desta taxa. 


Além desta distorção competitiva, existe um outro grande problema na enorme participação do BNDES na economia brasileira. Como mostrei no tópico anterior sobre juros, nosso governo consome cerca de 30% do PIB brasileiro, diminuindo a quantidade de recursos disponíveis para o restante da população. Se o BNDES, subsidiado pelo governo, utiliza uma grande parte do já escasso dinheiro disponível para empréstimos, o que se espera que ocorra com as taxas de juros para o crédito no restante na economia? Elas serão ainda mais elevadas para quem não for agraciado pelo BNDES, isto porque, descontado todo enorme gasto do governo mais o substancial crédito fornecido para alguns pelo BNDES, resta muito pouco dinheiro para toda enorme população. E é justamente por isto, pela falta de recursos disponíveis, que os juros ficam mais altos.


Se nosso governo realmente deseja ver o juros caindo para toda população, além de gastar menos teria também que emprestar menos através do BNDES, deixando assim a economia com mais dinheiro disponível. Outro grande ganho que teríamos com isto, seria que, neste cenário, não haveria favorecimento político nos empréstimos. Receberiam melhores taxas de crédito aqueles que tivessem o melhor projeto, melhor condição de pagamento, os mais competitivos, não somente aqueles com contatos em Brasília. 


Como é possível ver aqui, os desembolsos do banco estão crescendo assustadoramente nos últimos anos.


Para quem se interessou sobre o assunto, recomendo as referências abaixo:


http://www.cristianomcosta.com/2012/02/bndes-aspectos-financeiros-e.html
http://www.imil.org.br/artigos/hora-de-repensar-o-bndes/
http://dl.akamai.tvaovivo.net/quicktime/ifhc/20110825/20110825_ifhc_manha_palestra02.mp4






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